Eu acho idiotice que os festivais exijam que os filmes fiquem escondidos do público.


Não sei quantas vezes eu já escrevi um texto pra postar aqui com esse filme e todos eles ao mesmo tempo me parecem funcionar e não ao mesmo tempo. Talvez eu tenha um pouco de dificuldade em compreender o que eu quero dizer junto com esse filme, mas agora ele tá pronto e acho que é importante colocar ele no mundo. Talvez eu não queira dizer nada. 

Quando defendi o meu trabalho de conclusão de curso tinha muita gente na sala, muita gente chorou e eu estorei o tempo da apresentação em uma meia hora. Eu falo muito e gosto de pensar que não exatamente de maneira verborrágica, gosto de pensar que as minhas palavras significam alguma coisa, acho que alguma coisa fundamental estourou na minha cabeça naquela maldita aula de semiótica onde eu descobri que não sabia ler. A Mônica chorou depois da minha defesa, falou do quanto me achava maneiro e eu fiquei bastante surpreso - não sabia que ela sequer tinha me notado quando fui seu aluno de ilustração. Foi na disciplina dela que descobri o valor de carregar comigo um caderno e foi na resposta dela à minha monografia que ouvi uma coisa bastante interessante. Em algum momento a fala dela demonstrou uma certa surpresa. Não fazia sentido pra ela que justamente eu - um dos sujeitos menos capazes de calar a boca que já andou por cima dessa terra - tivesse decidido escrever uma história sem nenhuma palavra. Eu não me lembro exatamente quais foram as palavras que escaparam de mim ao ouvir isso mas lembro um pouco do sentimento.

Eu não gosto de falar muito, falo pela deficiência da linguagem e porque depois que eu começo por vezes as palavras escapam de dentro pra fora e se conectam de maneiras que não são exatamente planejadas e se projetam pra frente e se agarram em outras palavras guardadas e puxam umas às outras pra fora arrancando de mim coisas que sequer eu sabia que existiam ali. Falo muito e talvez eu goste bastante de me escutar e ao mesmo tempo as vezes eu canso da minha voz, das minhas palavras, da estrutura lógica do meu pensamento e da minha necessidade esquisita de expôr da maneira mais bem articulada possível tudo o que carrego dentro de mim. A verdade é que eu não quero escrever sobre esse filme, quero que ele seja visto e gostaria muito que alguém que não sou eu falasse sobre ele. 

Eu quero ouvir mais do que falo ao mesmo tempo em que aceito o bebe chorão e inquieto que eu também sou. Enfim, tá aqui o filme!



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