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Achei justo escrever algo pra marcar o fim do ano.

 Vi esses dias um sujeito declamando um poema em que dizia que foi esperta essa coisa de fatiar o tempo. Construir essa ideia de um tempo novo ao final de cada ano. Como se o ano que vem fosse outra coisa, diferente dos anos que foram e do ano que está sendo. Um ano novo, distinto e separado desse ano velho, capenga e cansado que ninguém aguenta mais.  Nunca fui muito de comemorar nada, não me ensinaram a fazer isso quando criança. Eu devia ter no máximo uns seis anos na última festa de aniversário que fizeram pra mim e por festa eu quero dizer que meu pai comprou um bolo. Fui ter festa de aniversário de novo só na faculdade se não me engano. Não sei se gostei. Li uma vez que é o tempo o nosso maior companheiro. As vezes sinto sua textura gosmenta escorrer pela minha pele e regozijo. Tá passando. Tudo passa. Pelo menos enquanto nos movimentamos pelo tempo de maneira linear. Mesmo que nem sempre na mesma velocidade.  Tenho aproveitado melhor o tempo. Mais Kairós e menos Chronos. E por a

"Dez reais é muito pra gastar em poesia."

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O valor do trabalho artístico é algo no qual penso com uma certa frequência. Músicas, desenhos, livros, filmes, imagens. Estruturas e histórias que foram parte fundamental da minha formação como sujeito, que me acompanham até hoje e que são marcadores importantes da minha identidade. O quanto vale a sua música favorita? Quanto vale uma foto que você gosta de ver? Quanto vale uma história que mudou a sua vida? Quanto vale sentir algo? Pra mim vale bastante.  Assim como vale o entendimento de artistas como trabalhadores. Que assim como cozinheiros, pedreiros, motoristas, agricultores, profissionais da limpeza, professores, contadores e tantos outros sujeitos em tantas outras profissões usam do seu conhecimento e do seu corpo para produzir algo de valor para aqueles em seu entorno. Quantos profissionais trabalharam no seu filme favorito? E na construção da sua escola? E na produção do seu alimento? Qual o valor do trabalho de um sujeito?  Gosto de pensar que é importante não se deixar cap

O isto foi é quase nada.

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  Me preocupa na construção de uma imagem a falta que eu sei que ela carrega. Reapresentar, apresentar, presentear, tornar presente, transportar presença, representar, represar, presar, prezar, pesar. E tantas outras ações cabem em uma imagem que me pego de novo e de novo e de novo tentando gerar imagens cada vez mais completas, mais vastas, mais profundas e mais e mais e mais e ainda assim algo nelas sempre falta. Talvez seja por isso que eu produza tantas.  Tenho pensado sobre séries. Sobre as coisas similares que se apresentam ao longo do tempo, sobre o que são essas similaridades e sobre como elas se organizam e como acabam ou não.  Qual é o fim? Qual é o final? Um é diferente do outro? Quem define os limites? Sem um fim tudo é contínuo. E o lugar onde as coisas se acabam - se é que ele existe - vai sempre ser um mistério pra mim. Como são as palavras e as coisas que não consigo expressar com elas.  Tudo acaba, também o nada. Eu só não sei quando é isso. E talvez nunca saiba.  Enqu