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Um texto pra quem me lê.

 Eu me senti bastante surpreso ao ser confrontado com o sulflix. Não era uma coisa que eu tava esperando e não era uma coisa que eu sabia que ia gostar, mas quando eu vi alguém falando sobre eu com certeza achei uma boa ideia. Dez reais por mês pelo poder de assistir filmes feitos em lugares que eu já vi, com pessoas que falam de um jeito que parece com o meu é um bom negócio pra mim. Me agrada a ideia de que existe gente tentando viabilizar e distribuir o cinema regional apesar dos pesares. E o nosso cinema regional é interessantíssimo. Eu assisti Antes que o mundo acabe  hoje. Eu pensei bastante sobre a minha adolescência enquanto assistia. As poucas vezes em que andei por Porto Alegre, os mal entendidos, os desentendimentos, os meus amigos, os meus amores, os desamores e todo o resto das coisas que afligem um adolescente. Eu também pensei bastante sobre filmes com esse filme, ele usa uma série de recursos de áudio, fotografia e vídeos de uma maneira específica, brincando com a atmos

Dez vistas de dois mil e vinte e um.

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Tenho tentado menos nos últimos tempos. Sinto que tenho entendido um pouco das coisas que vejo. Ando brincando mais com o desenho. Eu nunca aceitei muito bem a ideia de que desenho não é pintura. Tenho pintado.  Estes são alguns desenhos que fiz com todo o tempo que quis. Usando o que eu queria. Algumas vistas que desenhei por impulso ao longo deste ano. Nenhuma delas demorou muito, não contei o tempo em nenhuma delas, mas reparei que o sol não mudou muito entre o começo e o final de nenhum destes desenhos.  Tenho me divertido.  Tenho tentado entender os meus impulsos.

Eu nunca sei muito bem o que fazer com as coisas que eu penso.

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Eu sei que tá na moda falar mal da televisão e etc e tal mas eu nasci no meio dos anos 90 no Brasil e a televisão, principalmente através dos programas de auditório foi uma parte importante da minha formação. Foi através da televisão que eu conheci uma parte considerável das ideias sobre as quais eu pensei ao longo da minha adolescência e nesse começo de idade adulta.  Eu não assistia ao Faustão ao vivo em 2003, eu tinha sete anos. Mas hoje eu pude assistir a um programa que passou em um dos melhores horários da televisão à época, com um dos maiores apresentadores da televisão brasileira com uma das figuras mais proeminentes do movimento hip hop e me peguei pensando sobre tudo o que aconteceu nessas quase duas décadas que separam o momento em que assisti essa entrevista do dia em que ela foi ao ar.  O que aconteceu com a televisão, com as favelas, com a CUFA, com o Faustão, com o MV Bill e com todo o resto que das coisas que mudaram ao longo desse tempo e o que a gente faz a partir de

Uma conversa com Gigi

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Existe um tipo de novidade que só pode ser vista a partir da observação contínua e cotidiana. O tempo é uma dimensão e eu acho esquisito pensar sobre isso.  Com o uso de um instrumento de registro um sujeito é capaz de produzir um corte do mundo, recortado de sua própria realidade. Produzindo um tipo de janela para um aspecto específico de uma existência específica. Ainda não pensei muito sobre o que significa olhar pelas janelas alheias, mas é algo a se pensar. Gigi conversou comigo sobre a ideia de mostrar quando fiz essas fotos. No que mostramos, pra quem mostramos e o que poderíamos querer com isso. Dar a ver. 

Finalmente esse filme ficou pronto.

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feat. Gigi e Ezeqqi. É mais comum do que eu gostaria na minha vida ter coisas quase prontas. Algumas ficam assim pra sempre. Não foi assim dessa vez e isso me deixa contente de uma forma ou outra.  Nesse caso não faltava quase nada. Tudo foi animado na primeira semana de abril pra um desses eventos de coisas feitas em uma semana. Menos o som, o som a gente deixou pra depois. E agora ele tá pronto.  Eu gosto bastante desse curta porque apesar de uma semana ser bem pouco tempo, a gente conseguiu organizar o projeto de maneira que nenhum dos três membros da equipe tenha precisado passar uma noite sequer em claro pra cumprir o prazo. Eu considero isso um projeto bem sucedido. Pra isso a gente acabou dividindo as tarefas de acordo com as vontades e capacidades de cada um. Pensamos sobre o argumento e o roteiro em conjunto, numa reunião de umas quatro horas e depois organizamos o resto. A pré-produção foi dividida entre eu e Gigi; ela trabalhou nos storyboards enquanto eu desenvolvia os per

Desenhos de olhos e abstrações disso.

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 Olhos me perseguem à muitos anos. Nas escolas, nas ruas, nos bares, nos rolês, nos supermercados, eu sempre notei gente me olhando. Sempre olhei de volta. Sempre tive olhos em mente.  Talvez por isso eu tenha desenhado tantos olhos ao longo da minha vida. Nos meus cadernos, no meu corpo, nos meus trabalhos, nas paredes do meu quarto e em todos os lugares onde pude. Muitos desses desenhos se perderam no meio das mudanças e crises de identidade que me também me perseguiam. Por um tempo eu tentei não desenhar olhos. Eles sempre apareciam quando eu parava de prestar atenção. Ano passado eu fiz uma série de abstratos que eu queria já ter postado aqui, mas que nunca soube muito bem como escrever ou falar sobre. Quando comecei escrever esse texto, percebi que eram olhos. Depois disso que entendi que não ligo muito pro formato anatômico dos olhos. Me interessa a ideia de um olho. Um círculo ou uma esfera, dentro de outro círculo ou esfera que é ao mesmo tempo mira e alvo de uma coisa tão pote