Desenhos de olhos e abstrações disso.

 Olhos me perseguem à muitos anos. Nas escolas, nas ruas, nos bares, nos rolês, nos supermercados, eu sempre notei gente me olhando. Sempre olhei de volta. Sempre tive olhos em mente. 

Talvez por isso eu tenha desenhado tantos olhos ao longo da minha vida. Nos meus cadernos, no meu corpo, nos meus trabalhos, nas paredes do meu quarto e em todos os lugares onde pude. Muitos desses desenhos se perderam no meio das mudanças e crises de identidade que me também me perseguiam.

Por um tempo eu tentei não desenhar olhos. Eles sempre apareciam quando eu parava de prestar atenção. Ano passado eu fiz uma série de abstratos que eu queria já ter postado aqui, mas que nunca soube muito bem como escrever ou falar sobre. Quando comecei escrever esse texto, percebi que eram olhos. Depois disso que entendi que não ligo muito pro formato anatômico dos olhos. Me interessa a ideia de um olho. Um círculo ou uma esfera, dentro de outro círculo ou esfera que é ao mesmo tempo mira e alvo de uma coisa tão potente e inofensiva quanto um olhar.

Eu desenho olhos. Isolados ou com coisas ao redor. Uma vez o Vicente me desenhou com quatro olhos e isso foi mais importante pra mim do que eu entendi que era quando aconteceu. 

Tô aprendendo a escrever em hiragana também. Risquei a letra fu várias vezes em uma parede aqui de casa simplesmente porque eu acho gostoso de escrever ela nos lugares. Ficou horroroso. Coloquei uma madeira que pintei com a Gigi esses dias na frente e deu uma resolvida no Feng Shui. 

Dia desses entre treinar minha caligrafia em japonês e desenhar olhos acabei inventando os Zóis. Eu queria saber o que é que eles enxergam com esses olhos que eu inventei e se eles gostam disso. Esses e outros desenhos, de olhos ou não, citados no corpo desse texto ou não, podem ser vistos à seguir. Olhe, sabendo que eles olham de volta. 

Os olhos que desenhei no meu corpo:


Os olhos das minhas paredes:



Os abstratos que são olhos: 







Alguns dos olhos que apareceram pelo meu caderno em nenhuma ordem em particular:







Alguns desenhos de hiraganas, minha parede e a madeira pintada:









Os olhos mais recentes e os Zóis que surgiram deles: 




p.s.: Um dia eu ainda quero tatuar um zói em alguém, porque eu acho que ele ia poder ver muita coisa se estivesse preso em um corpo

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