Cadernos, memórias e práticas II.

Tem coisa que é mais difícil do que parece. Tem coisa que só da pra ver depois de mudar de perspectiva. Tenho estudado bastante a ideia de perspectiva e tenho movido a minha de pouco em pouco para um espaço onde eu seja capaz de ver a vida de um jeito melhor. Sinto saudades de olhar pros meus cadernos antigos. Logo mais encontro eles de novo.

Percebi a poucos dias uma decisão que tomei já a um tempo. Percebi a profundidade de espaços que já estavam abertos a muitos anos. Percebi o tamanho da minha covardia e encarei por um tempo os estragos que ela me causou. Tenho me sentido cansado de ser covarde e de me proteger. 

Quando eu era pequeno, eu achava o Kenshin - de Rurouni Kenshin (Samurai X é o título de capa da versão que saiu por aqui nos anos 2000) - muito legal porque ele tinha umas cicatrizes no rosto e ao mesmo tempo era uma pessoa legal e gentil. Personagens com cicatrizes em geral me interessam muito, sempre gostei de pensar sobre as marcas que a vida deixa na pele. 

Me machuco com frequência e nem sempre é sem querer ou sem esperar. Carrego marcas que as vezes aparecem nos gestos, nas palavras e no modo de agir. Deixei feridas serem abertas e reabertas numa tentativa de escondê-las. Sofri em silêncio. Sorri em silêncio também. Nunca fui muito de compartilhar como me sinto - nem comigo mesmo. Tenho me esforçado pra mudar isso.

Não acho que exista nada mais difícil do que ser vulnerável. Pelo menos não pra mim. Também não sei se existe algo mais recompensador. Percebi a poucos dias que todas as vezes em que eu dei as costas pra alguém foi em busca de um abraço. Pensei em todas as vezes em que alguém deu as costas pra mim. Me arrependo de alguns abraços que não dei. 

Ainda não sei o que é a vida. Nem qual a melhor maneira de viver. Não sei se vou saber dessas coisas um dia. Tenho me permitido sentir o que o eu não permitia e evitado de me apegar à isso. Meu isso é muito forte. Meu eu é traiçoeiro. Os outros não são meus. Navego pelo entremeio. 

Esse caderno tem um bom tempo de desenho e como todos os outros marca pra mim o começo e o fim de uma história e de uma versão de mim mesmo. Daqui pra frente é outra vida e sou outro eu.












Comentários

  1. Cara, adorei a trilha do seu vídeo,, sem risco de problemas com direitos autorais. Gostei que teu caderno tem muita coisa escrita também, me identifiquei.

    Sobre ser vulnerável, tamo junto. Não sei como faz pra baixar a guarda, mesmo que eu esteja sempre desprotegida justamente pela rigidez em que processo meus sentimentos. É uma constante mania de controle inútil.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Hehehe obrigado! Eu acho esquisito silêncio.

      Sobre baixar a guarda, se a gente seguir tentando uma hora a gente consegue, ou pelo menos é nisso que eu acredito.

      Excluir

Postar um comentário