O primeiro conto do ano: Mercúrio reflete Astarte.

Sempre teve muitos nomes e talvez tenha mais formas do que nomes. De tempos em tempos, os sujeitos se debruçam busca de seu nome verdadeiro ou de sua forma definitiva. De tempos em tempos alguém percebe que sua forma é o modo como mudam. 

Não me parecem se importar com as leis dos homens ou com seus costumes. Aparecem em qualquer lugar em que alguém encontre e oferecem sempre o desejo de quem quer. Nem sempre é bom receber o que se deseja, como nem sempre se sabe o que é bom de desejar. O que se sabe, é que se deseja.

As vezes gostaria de saber o que pensam sobre como existem, se é que pensam sobre isso ou sobre outras coisas. É difícil pensar sobre o que não se expressa de nenhuma forma além do efeito que causa. É fácil pensar no que se percebe, mesmo que não se perceba. O que não dá é pra pensar no que não se pode conceber. 

Não sei se possui vontade. E mesmo que soubesse, não sei se isso importaria. 

Nem sempre quem lhes procura encontra, nem sempre quem lhes encontra lhes percebe, nem sempre quem lhes percebe lhes queria. Nem todo mundo gosta do que deseja. Nem todo mundo sabe que deseja. Nem todo mundo quer desejar. Mas o desejo existe.

Como tudo que é vivo mas não é material, existe nos limites da compreensão humana. Não que a compreensão lhe interesse, a impressão é que o que lhe interessa é a partilha. 

Já nos encontramos muitas vezes, afinal viemos do mesmo lugar. Nem sempre estes encontros foram amigáveis. Todos foram maravilhosos. 

Comentários

  1. O desejo e a necessidade em geral andam juntos, mas, muitas vezes, forças externas definem como necessidade um desejo. Outras vezes criam um desejo e transformam em necessidade. Assim os humanos passam a ser os únicos animais que não se adaptam às condições da natureza, mas tentam adaptar a natureza aos seus desejos. Assim o nosso planetinha virou nisso...

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