Jackman do Jack Harlow tocando ao fundo.

Eu comecei a animar em 2018. Demorei a aceitar que eu podia aprender. Também tenho demorado pra aprender. Não da pra dizer que eu não tô aprendendo. Uma vez o Pellegrin disse em uma aula de pintura que pra desenvolver um trabalho foda era necessário trabalhar bastante e eu fico feliz em perceber o quanto eu tenho trabalhado. 

Tenho desenhado mais, escrito mais, animado mais, pintado mais, saído mais, rimado mais e conversado com mais gente. Me lembro do Vicente dizendo que ia tirar uns anos pra entrar dentro da caverna. Agora tá chegando a hora da gente começar a se mexer, os guri tão bem nutrido e começando a se alongar. Daqui a pouco nós tâmo na rua. 

Dia desses, conversando sobre as minhas ansiedades com a Bárbara ela me olhou no grão do olho e me perguntou como se fosse a coisa mais simples do mundo "porque é que tu não pede ajuda?" - eu chorei um pouco pensando nisso nesse dia. Lembrei de ter dito algo parecido pro Pedro a um tempo atrás. 

Ouvi um teólogo velhinho numa conversa uma vez dizendo que o único momento onde se para de nascer é quando se morre. Pensei nas plantas literalmente brotando vida. Acho engraçado o quanto pessoas parecem cogumelos. Cresço e devoro. 

Em pensamentos observo o tempo daqui pra trás e vejo o que tenho acumulado. Estudos, histórias, memórias, conversas, amigos que me oferecem casas, cadernos e equipamentos. Tenho olhado com respeito ao que tenho e ao que posso fazer com isso. Vivi em cada um dos cantos do Rio Grande do Sul e um tempo de cada lado de Santa Catarina. Passei meses acampando pelas estradas, conhecendo o mundo perto de mim, ouvindo bandido, polícia, vagabundo, playboy e ladrão. Conheço melhor do que qualquer um os meus vícios, meus medos, meus erros e minhas falhas - eu demoro - mas tenho aprendido.  Aprendi español na escola e nas calçadas - eu sei onde fica o meu centro. 

Daqui pra frente, o que eu fiz até agora é o pior que eu consigo.

Tenho visto o que fiz até agora e tenho gostado.




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