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A mentira e a verdade de roupas trocadas.

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Escrevo de maneira quase compulsiva na maior parte do tempo. Acho que ao longo da minha vida uma das coisas que mais tentei parar de fazer foi me expressar e nunca consegui. Acho que o pensamento muda de acordo com o modo de expressão e escrever é um jeito muito específico de sair da minha própria cabeça. É um pouco engraçado saber onde ficam as teclas sem olhar pro teclado e de uma maneira ou outra escrever pra mim é quase como pensar com os dedos. Mesmo que eu ainda escute as palavras na cabeças elas soam mais como o tec tec das teclas do que como palavras de verdade. Escrever olhando para os lados me ajuda a levar essas palavras pra algum lugar que não é exatamente o lugar pra onde elas costumam ir de outras maneiras. Adicionar a rima nisso tudo as vezes descontextualiza mais ainda e ver as palavras aos poucos se alinhando na tela me causa um tipo muito específico de satisfação.  Acho que o conteúdo das poesias mais recentes tem mudado bastante. Acho que tenho mudado bastante também

O fim é o meio.

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Dia desses falando com Vicente sobre a minha prática recebi um retorno do qual gostei muito: "Tem um quê de excelência né meu". Acho que tem mesmo. Talvez já tenha ficado claro pra quem lê esses textinhos, eu sou um completo maluco dos significados. Acho que um dos primeiros livros que li inteiros foi um dicionário e gosto de olhar pra linguagem pelas raízes. Se não me engano foi Lacan que escreveu em algum momento que somos moldados pela linguagem e essa é uma coisa na qual acredito profundamente. Gosto de pensar sobre as palavras que são usadas na minha direção e penso bastante sobre as palavras que uso também.  Acho engraçado como o uso transforma o significado das palavra e como as vezes algumas raízes acabam com múltiplos sentidos. Me alegra perceber a linguagem como uma coisa viva e ter nela uma das minhas melhores companhias. Me divirto com a linguagem mais do que me divirto com qualquer outra coisa, inclusive quando meu único interlocutor sou eu mesmo, talvez mais nes

A luta desarmada dos subalternos é um ótimo livro também.

Foi a partir de um relato sobre o Durruti que ouvi falar pela primeira vez na ideia de liderança pelo exemplo. Foi aos poucos, ao longo dos últimos anos que a coisa toda começou a fazer cada vez mais sentido dentro da minha cabeça. Por muitos anos fui um desacreditado crônico, ninguém acreditava em mim e eu não acreditava em mim mesmo. Mas sempre acreditei em algo.  Não lembro quando foi a primeira vez em que ouvi falar em Canudos e lembro do quanto saber da existência dessa experiência mudou meu jeito de ver o mundo. Lembro de quando descobri o papel da ala anarquista na revolução russa, de como ela foi tratada com a consolidação dos bolcheviques no poder e de como isso me fez sentir. Lembro de quando descobri sobre a revolução espanhola, sobre o Malatesta, sobre a Emma Goldman, sobre o julgamento dos oito de Chicago, sobre o Oiticica e sobre uma série de outras coisas incríveis das quais parece sempre que quase ninguém quer falar. Existe uma grande noção difusa, desinformada e equivo

Pronóia!

 Sempre que digo isso as pessoas duvidam um pouco: sou um grande covarde. Passei a maior parte da minha vida fugindo e evitando e desviando do que me assusta porque também já sofri muito com muitas coisas das quais não consegui desviar. Não é difícil me assustar e por algum motivo quase ninguém percebe quando assusto. Acho que um tanto pela postura de malandro e outro tanto pelo modo como o medo funciona em mim.  Em mim o medo parece frieza. Demorei muito tempo a perceber o modo como as minhas emoções tomam conta da minha racionalidade e faz pouco tempo em que descobri que sempre que me sinto muito lógico é porque tem uma emoção escondida pilotando meus pensamentos. Meu pânico parece calma e resignação, quanto pior a crise mais calmo parece meu lado de fora. Do jeito que cresci, demonstrar medo raramente era uma boa opção.  A vida já não é mais como era antigamente, eu também não e algumas coisas demoram mais que outras a mudar. Sempre fui bastante paranóico e o medo irracional de que

Te escrevi e apaguei.

O Fundo do Poço da Clarice Falcão tocando em loop na minha cabeça.

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Tenho feito coisa pra caramba nos últimos tempos e tenho conseguido ver isso com mais clareza também. Tenho me entendido e me cuidado melhor. Aos poucos começado a habitar ao invés de tentar controlar o corpo e a mente. Soltei completamente o medo irracional que sentia de ser esquisito e tenho aceitado melhor o fato de que não me encaixo mesmo em todos os espaços. Aceitei que a única pessoa que precisa mesmo acreditar em mim sou eu mesmo e agora me divirto ao perceber os olhares de quem duvida.  Mariana declamou esses dias um trecho do Jardim das Cerejeiras que ela gosta muito onde um sujeito reclama dos intelectuais que não fazem nada. Tendo visto algumas práticas sem qualquer contrapeso intelectual e tenho pensado bastante sobre a ideia de práxis. Cada vez mais sinto que não tem nada mais frágil do que pensar sem fazer e fazer sem pensar. Infelizmente as vezes penso tanto que me machuca.  Dia desses me perdi numa ideia errada e sentia como se vermes e pássaros devorassem incessanteme