As vezes eu choro ouvindo o Barreto batalhar.

 Mais uma vez eu apaguei uma versão desse texto onde escrevia de maneira vulnerável sobre meus medos e inseguranças. Não sei exatamente se por covardia ou por qualquer outra coisa. Sei que sou bastante covarde e que sinto bastante vergonha. Já faz um tempo que a Luiza me ligou pra dizer que me achava um neurótico obsessivo e que ela era uma neurótica histérica, na época eu não sabia o que essas coisas significavam e foi essa conversa que me fez cair no buraco de coelho da psicanálise e agora sei mais sobre o assunto do que sabia antes. 

Chorei muito lendo muitos livros ao longo desse ano, acho que já escrevi aqui em algum momento sobre o quanto aprender pra mim é sempre um pouco dolorido porque odeio me sentir incompetente e é um pouco isso que o aprendizado implica. Ao mesmo tempo, lembro do Jake em Hora de Aventura dizendo que o primeiro passo pra se tornar um pouco bom em algo é ser muito ruim nessa mesma coisa. E eu sou muito ruim em muitas coisas. 

A ideia toda de ser um pato surgiu de um desejo meu de fazer um pouco de tudo. Sou um grande inimigo da especialização e é um pouco por isso que desenho, pinto, animo, escrevo, danço, rimo e agora entrei em um curso de teatro. A questão é que fazer arte é fácil, difícil mesmo é se expor.

Acho um pouco engraçado quando penso sobre todas as pessoas incríveis que gostam de mim e que seguem a anos na minha retaguarda. É uma das coisas que fazem com que a minha autoestima se mantenha um pouco em alta porque acho que se eu não fosse legal não ia ter tanta gente legal na minha volta. Gente que me conhece de dentro pra fora e virado do avesso e que me ama talvez exatamente por isso. Na última vez em que me mudei eu ganhei até um poema declamado de madrugada na beirada de um rio de uma pessoa pra quem eu escolhi me apresentar pelas partes mais difíceis de digerir da minha personalidade. E a minha personalidade é péssima, nasci no segundo decanato de gêmeos e aparentemente isso implica em algo que eu não sei exatamente o que é, mas sei que não é bom. 

Ainda assim, morro de vergonha de mim mesmo e tenho um medo profundo de não ser gostado as vezes. 

Dito tudo isso acho que as coisas estão mudando e que estou me sentindo cada dia um pouco melhor. Voltei até a escrever poema de semiótica que acho que é um dos sinais que indicam a baixa nos meus níveis de sofrimento. Talvez nunca me cure das minhas feridas, talvez algumas das minhas experiências tenham mesmo me aleijado emocionalmente e talvez não seja tão ruim assim viver com essas deficiências se eu fizer as devidas adaptações. Dia desses listei pra Lua uma série de abusos que sofri e ficou um pouco pior quando coloquei essas coisas todas uma do lado da outra e também ficou um pouco mais clara a tendência que tenho de me permitir ser abusado. 

Acho que finalmente tenho começado a entender o que são os afetos e acho que o próximo passo é começar a escolher o que fazer com eles de maneira consciente. Não sou e não pretendo nunca mais voltar a ser uma boa pessoa, quando eu sou bom eu minto muito e quando eu minto eu gosto menos de mim mesmo. Quero voltar a ser otário porque assim me sinto melhor comigo mesmo e essa é a parte mais importante pra mim. 


























Comentários

  1. Viver é algo bem difícil de fazer, viver bem é mais difícil ainda. Te acho incrível e acompanhar o que tu cria é lindo, na real é lindo te acompanhar vivendo de perto. Obrigada por estar aqui mostrando um pouquinho mais de ti. Ahh e eu sempre penso em como tu se sentiu e sente quando te ouço contar uma história.

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    1. Agradeço as palavras e a companhia! Obrigado pelos olhos e pelos ouvidos atentos!

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