Eu fiz uma fogueira em forma de homem.


Eu não tenho feito muita coisa nos últimos dias então acho que vou falar dessa coisa que eu fiz já faz um tempo. Quando a conversa toda do Coronavírus começou a rolar de maneira mais séria eu tinha acabado de pedir demissão do meu emprego em Florianópolis. Depois de um mês de aviso prévio, nervosismo e ficar fechado em uma casinha pequena na cidade, finalmente rolou a coisa toda da mudança e vim parar no interior do Rio Grande do Sul, na propriedade rural onde eu cresci. Com  aquela sensação estranha de voltar para um lugar que mudou - é tudo mais ou menos a mesma coisa, mas não exatamente.

Algumas madeiras velhas estavam amontoadas por aqui e, por falta de algo prático a se fazer com elas uma fogueira pareceu uma boa ideia. Tava perto da páscoa e eu decidi que esse seria o dia da fogueira.



Eu sempre gostei muito de fogo e acho que depois de tanto tempo na cidade, dentro de uma lógica que eu sempre detestei e de uma vida inteira se fazendo impôr sobre mim eu tinha - e ainda tenho - muita coisa pra queimar. Essa certamente não vai ser a minha última fogueira. Mas eu precisava começar de algum lugar.

Decidi começar a fogueira por uma parte de mim - ou uma ideia de mim - que até se parece comigo, mas que é um pouco maior e que não é exatamente eu. Um homem de madeira me pareceu uma ideia boa o suficiente pra se queimar e esquisito o suficiente pra ser o meu programa de páscoa. Faz pouco tempo que, tomando consciência do que se esperava que eu fosse, perguntei ao meu pai o que era ser um homem. Com as mãos levantadas e os olhos confusos ele me respondeu sinceramente: "Não sei". 


 Eu fiz uma fogueira em forma de homem e eu achei divertido.

*todas as fotos são da amiga @tchaugip que mora comigo faz um tempo e as edições são minhas mesmo.











Comentários

Postar um comentário