O conhecimento é uma construção contemporânea e coletiva.
Nunca sei muito bem o quanto faz ou não faz sentido explicar algo com palavras. O que é um pouco engraçado levando em conta a quantia de palavras que falo e escrevo na maior parte do tempo. Alinhar símbolos e produzir significados é sempre uma tarefa hercúlea que corre sempre o risco da falha. Em algum momento aqui da pra inserir a música Common Ground do Jack Harlow pra apontar que os significados são variáveis de acordo com a perspectiva. Sempre me sinto um pouco esquisito quando percebo que pra algumas pessoas as palavras não significam o mesmo que significam pra mim. As vezes quando converso com pessoas novas destruo cada uma das palavras que quero dizer; estico, empurro, puxo e expando os limites da significação na tentativa de estabelecer um entendimento em comum do significado das coisas. Nem todo mundo tá disposto a discutir o significado das palavras ou a cogitar a possibilidade de que o que algo significa para si possa significa algo diferente para as outras pessoas.
Precisão e profundidade são ideias que de alguma maneira ou outra se relacionam. Em algum momento dos dias que passaram chegou em mim a ideia de que as vezes um poeta consegue enfiar uma quantia ridiculamente grande de significado em uma quantia muito pequena de palavras por conta da relação entre elas, suas semelhantes e os modos como elas são e foram estruturadas ao longo da trajetória da palavra. Nunca sei o quanto explicar expande ou limita. Lembro do curso de análise fílmica e de como aproveito menos algumas coisas quando observo com as lentes analíticas. Tenho uma certa dificuldade em fazer algo de novo e ao mesmo tempo acho divertido rever, reler e reencontrar textos que me foram caros em um momento ou outro. Já li o Apanhador no Campo de Centeio algumas vezes e as vezes penso que também gostaria de ser o apanhador do campo de centeio. Assisti Kill la Kill de novo também e gosto bastante de quando coisas muito sérias estão escondidas atrás de coisas muito idiotas e de como as vezes alguns livros tem capas e introduções horrorosas que acabam ali pra remover da leitura qualquer um que ligue muito pra essas coisas.
Talvez fazer histórias em quadrinhos signifique muito e talvez não signifique nada. Talvez uma árvore seja só uma árvore e uma criança seja só uma criança mesmo que as definições de árvore e criança sejam profundamente dependentes de um contexto histórico, social e simbólico. Talvez as palavras sejam mesmo apenas palavras apesar de seu caráter coletivo e das suas capacidades de produção e reprodução de significados históricos. Talvez um símbolo seja mesmo apenas um símbolo e talvez ele possa mesmo ser esvaziado de significado se tratado de uma maneira específica. Talvez a gente não precise mesmo pensar sobre os símbolos que guardamos em nossas memórias individuais e coletivas, seus significados, suas influências e seus produtos. Talvez a gente não precise pensar sobre nada. Talvez esse texto inteiro seja inútil.
Eu amo o quanto os significados podem variar, posso estar sendo meio brega, mas acho isso lindo, gostoso e cheio de vida. Amei esse quadrinho, me senti meio que dentro dele. Ele meio que me deu um puxão de orelha e me lembrou de estar presente. Isso costuma ser difícil pra mim (e provavelmente pra maioria das pessoas), mas é absolutamente incrível, mesmo que por um segundo, quando eu apenas me sinto ali.
ResponderExcluirOi Vitória, fico feliz que o quadrinho tenha batido assim hahaha não sei se desenhei ele como um puxão de orelha e acho que é legal ter funcionado como um chamado à presença. Acho potente a coisa dos significados e ao mesmo tempo me deixa nervoso também. Obrigado pelo salve!
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