Será se dá preu começar a me apresentar como escritor?
Tenho me sentido progressivamente mais agressivo e menos raivoso. As vezes amo tanto as coisas que tenho vontade de destruir elas, abraçar até explodir e essas coisas. É um pouco assim que me sinto com a vida. O mundo vai de mal a pior já faz um bom tempo, eu tinha dezesseis anos quando percebi pela primeira vez. Acho que a coisa toda tá uma loucura tão maluca que me impressiona um pouco ver como as pessoas continuam vivendo. Sim, o modelo de vida globalizado explora os recursos naturais de uma maneira completamente descontrolada e destrutiva. Mas se não fosse assim, como compraríamos carros, eletrodomésticos e celulares? Se o mundo não for explorado como vamos comprar roupas, bolsas e sapatos? Sem criança escravizada como é que a gente vai viver sem chocolate? É complicado de mais mudar o mundo, sem a poluição sistemática dos nossos rios, como é que a sociedade vai lucrar? Imagina, se a gente parar com a exploração como é que vai ter um jogo novo do God of War? Não dá pra mudar o mundo sem abrir mão do conforto e do suposto sucesso do mundo em que vivemos. Pra uma quantia considerável de pessoas sou um retrato fidedigno do fracasso. Em um mundo onde as pessoas de sucesso precisam de remédios controlados pra aguentar a própria mente ser um fracassado não me incomoda.
Eu sou ruim nas coisas que eu faço, um revolucionário de merda. Não consigo sobreviver na terra só com a força do meu trabalho e meu trabalho na rua caminha em passos de formiga, tô aprendendo. Não tô pronto pra e nunca tive pronto pra nada. Tenho me preparado. Porque no fim das contas eu faço de maneira consistente e sei que daqui pra frente é isso que vai importar. Habilidade é o resultado do treino.
Dia desses vi na internet um doidão falando sobre uma ideia que ele chamou de calistenia anarquista: uma espécie de treinamento cotidiano onde a desobediência aos pequenos autoritarismos do dia a dia nos prepara para o momento onde precisaremos de fato nos levantar contra a cultura. Tenho pensado muito sobre ser e viver na e da contracultura. Sobre os erros dos movimentos contra culturais do passado, sobre os seus acertos e sobre o que isso nos ensina para as próximas tentativas. Não tenho a pretensão de parar de tentar.
Eu acho engraçadíssimo o quanto os diálogos que vejo acontecendo entre pessoas de fora do espaço da filosofia das artes fazem um uso profundamente errado da ideia de estética. Movimentos contraculturas são movimentos estéticos, não porque eles se parecem diferentes, mas porque organizam a experiência de vida de uma maneira completamente diferente, valorizam coisas diferentes, agem de maneiras diferentes e se expressam de maneiras diferentes. E é essa expressão que os exploradores e idiotas tentam compreender e emular quando usam a palavra estética. O que essa gente falha em compreender é que muitas vezes a existência contra cultural é um processo estético em si e que o que se vê do lado de fora é o resultado de um modo de vida, não uma escolha visual. Normalmente quem é parece, mas da pra ser sem parecer e parecer sem ser.
Anarquia é a poética e arte é a qualidade da expressão, pintar é só uma técnica e a pintura é só uma mídia. Me pergunto o que meu amigo Pedro me diria sobre essa afirmação. A forma é mais importante que o conteúdo em uma quantia considerável de casos, as vezes o conteúdo significa menos do que o modo como ele é apresentado. Tenho escrito poesia nos últimos meses, desenhado também, hoje o que acompanha o texto é poesia, os desenhos hão de vir logo mais. Acho que a quantidade diminuiu conforme a complexidade foi aumentando.
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