A mentira e a verdade de roupas trocadas.
Escrevo de maneira quase compulsiva na maior parte do tempo. Acho que ao longo da minha vida uma das coisas que mais tentei parar de fazer foi me expressar e nunca consegui. Acho que o pensamento muda de acordo com o modo de expressão e escrever é um jeito muito específico de sair da minha própria cabeça. É um pouco engraçado saber onde ficam as teclas sem olhar pro teclado e de uma maneira ou outra escrever pra mim é quase como pensar com os dedos. Mesmo que eu ainda escute as palavras na cabeças elas soam mais como o tec tec das teclas do que como palavras de verdade. Escrever olhando para os lados me ajuda a levar essas palavras pra algum lugar que não é exatamente o lugar pra onde elas costumam ir de outras maneiras. Adicionar a rima nisso tudo as vezes descontextualiza mais ainda e ver as palavras aos poucos se alinhando na tela me causa um tipo muito específico de satisfação.
Acho que o conteúdo das poesias mais recentes tem mudado bastante. Acho que tenho mudado bastante também. Tenho percebido a intensidade da rigidez de dentro da minha cabeça e pensado com carinho sobre os lugares onde ela precisa ser quebrada. Tenho tentado mudar meu jeito de fazer as coisas. Não quero mais me abandonar e talvez esteja tentando me permitir um pouco mais o espaço de ser contraditório e controverso e incoerente e complicado.
Uma placa de censura no meu corpo diz: não recomendado à sociedade. Faço questão de mostrá-la pra todo mundo que aparece, sou um vagabundinho, um malandro, um tipo muito específico de inútil e as pessoas mais alinhadas com a sociedade até me acham engraçadinho no começo e no final dá problema porque no fim das contas essa não é uma piada. Esse é o meu charme, na maior parte do tempo eu não presto pra nada e não quero prestar, não quero ser útil e causo problema. De um jeito ou de outro todas essas coisas são mentira e verdade ao mesmo tempo. Numa parte considerável do tempo não acho nem que da pra saber a diferença entre a verdade e a mentira. É um pouco por isso que tendo a tomar cuidado com as palavras que uso, não gosto de dizer nada que não consiga sustentar. Ao mesmo tempo em que tento me permitir falhar.
A falha e o fracasso tem sido constantes pra mim nos últimos tempos e acho que é um daqueles movimentos compensatórios. Passei tanto tempo negando em mim a possibilidade de falhar ou de aceitar falhas e fracassos que agora que finalmente me sinto capaz disso por vezes tenho vontade de vestir uma placa no peito onde se pode ler em letras garrafais um gigantesco "eu falho".
e é exatamente como falou na introdução, e também como escreveu em alguns dos poemas. hoje não quero me detalhar pois sinto que até 23 de dezembro não existirá sossego. (mas gostei muito de todos!). esse sobre colar comigo, me lembrou minha melhor amiga de agora. nos conhecemos na faculdade, ainda pandemia quando entrei, e é raro eu não encher o saco para ela colar comigo. é raro também ela não estar disposta ou ceder depois de duas ou três frases muito convincentes. as vezes nos divertimos muito, as vezes é só mais um dia de domingo.
ResponderExcluiré interessante passar tempo até quando não é bom as vezes! eu pelo menos acho. Espero que o sossego te encontre depois do dia 23!
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