Criaturas Pré-Intelectuais - das coisas que eu decidi por não terminar.

Eu gosto bastante dessas pinturas e gosto de mais de algumas das cores e composições, mas tem alguma coisa nelas e em ter feito elas que me incomoda mais do que alegra. Não que o incômodo seja ruim, mas eu não acho que em pleno 2021 nem o mundo nem eu precisamos de mais incômodo.  Talvez seja hora parar de pensar nas coisas que me mantém e começar a pensar mais nas coisas que me movimentam. Fica aqui o registro de uma coisa que começou e que não vai terminar.












Caso você queira pensar um pouco sobre as coisas que eu ando pensando, essa tese é um ponto de partida que tem me perseguido nos últimos dias cuja leitura eu recomendo bastante. Você pode ler ela clicando aqui.

Caso você não queira ler uma tese inteira de filosofia, talvez a leitura do resumo que a autora faz da obra não seja o suficiente, mas é um começo.

Resumo:

No dia 25/07/2010 o programa Pânico na TV levou ao ar uma brincadeira realizada ao vivo com seus próprios humoristas. Logo que chegaram ao aeroporto de Guarulhos vindos da África do Sul, onde cobriram a Copa da FIFA, foram recebidos pela produção que lhes ofereceu uma carona merecida, já que a equipe estava exausta da viagem e, segundo o próprio programa, havia trabalhado sem descanso e em péssimas condições. Ao invés de irem para casa, conforme o prometido, passaram horas rodando por São Paulo sem destino, até que foram deixados no aeroporto de Congonhas. Lá chegando, um colega humorista os recebeu afirmando que se tratava de uma brincadeira, mas o cansaço do passeio seria apenas a primeira, pois eles deveriam se encaminhar ao estúdio para enfrentarem uma lutadora profissional de vale-tudo. Já muito irritado, um técnico da equipe disse: Eu sou câmera, eu não tenho que tá participando desse negócio aí (...) tô cansado, porra, são quarenta dias, doze horas, comendo mal.... Todos os outros protestaram e, transtornados, se recusaram a participar: É uma falta de respeito isso com o cara que tá trabalhando, quero ir embora, quero ir para minha casa. O produtor do programa interveio e, com um celular em riste, ameaçou: tem uma ordem que é do Emílio e do Alan [diretores] pra todo mundo entrar no carro agora e ir todo mundo pra lá. Não obstante o ódio generalizado, eles retornaram ao carro. O humorista encarregado da piada tentou inúmeras vezes fazer os outros rirem até que, já constrangido, falou em tom de brincadeira: não fica bravo comigo, tô aqui trabalhando, cumprindo ordens, o outro respondeu: Brincar... a gente até compartilha com vocês, só que a gente tá sem comer, sem dormir, entendeu? É desumano isso, prá caramba. O câmera, irado, completou: Eu tenho uma puta consideração com você, mas como você consegue ver graça nisso, ver seus amigos de trabalho se fodendo (...) uma situação que não tem graça (...) O cara lá em casa vai olhar para mim e achar engraçado há há, o câmera man tá fodido. Quando chegaram ao estúdio, aquele que ainda tentava piadas, mas cujo olhar traduzia tristeza, disse com seriedade: Vem, por favor, eu também tô cansado, desculpa aí. 
Capítulo 1: Como essa coisa pôde ser televisionada sem a menor vergonha? Capítulo 2: O que sustenta a ameaça dos diretores?
Capítulo 3: Por que a equipe voltou ao carro? 
Capítulo 4: Como o humorista suportou ver seus amigos de trabalho se fodendo? 
Capítulo 5: Por que a piada continuou?

 





Comentários

  1. meu deus???? muitas reflexões com isso que você trouxe. não sei se era sua intenção, mas as ilustrações ganharam outro significado com o que você falou em baixo aksjaksj provavelmente não tem nada a ver, mas de alguma forma, achei muito interessante essas conexões que a minha cabeça fez. fiquei interessada nessa tese, provavelmente não vou ler tudo... achei bizarro todo esse lance de piada com o sofrimento do outro e pra mim é tudo culpa do capitalismo!!! até mais piove pato :)

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. aaaaaah, que legal que funcionou a relação das coisas pra você ^^, fazer esses desenhos me lembrou um monte desse texto e eu real acho que existe alguma coisa no meio deles. Quando o texto é meio acadêmico assim eu quase nunca acho que ler tudo vale a pena, em geral eu leio as introduções e os capítulos que eu acho mais interessantes. Até mais Nicole o/

      Excluir

Postar um comentário