Paisagens extra terrestres e o que se fazer quando não se sabe o que fazer.

Eu tenho uma dificuldade imensa em começar. Parece bobeira mas, encarar qualquer tipo de nada me causa o mais intolerável dos desconfortos e - ao menos pra mim - trabalhar a partir de algo sempre acaba sendo muito mais fácil. Dai o fato de que toda essa coisa de pintura e desenho sempre acaba sendo muito difícil pra mim quando o objeto do trabalho não é resultado de alguma observação.

Quando encaro o papel ou a tela em branco sempre me parece que eu não sei exatamente o que eu quero dizer ou mostrar ou sei lá qual outro verbo da pra usar como motor para a famigerada ~ ação artística ~. Numa dessas decidi que esse passo ta um pouco mais comprido que a perna e que antes de tudo eu acho que ainda preciso estudar mais um bom tanto. No começo desse ano ou no fim do ano passado comecei a me dedicar mais à pequenos exercícios de composição  - uns quadradinhos no canto do caderno onde eu construía algumas cenas mais ou menos abstratas e isso me entretinha por muito tempo. É aquele tipo de passatempo que a gente pode fingir que é algo prático, eu gosto de fazer degradês e padrões sem nenhum motivo aparente quando tê entediado e isso pode facilmente ser caracterizado como estudo.

Desde que me mudei tenho tido uma vontade não correspondida pelas minhas ações de fazer algo, mas sempre que pensava em começar percebia que não sabia muito bem o que fazer. A coisa ficou nesse círculo vicioso por alguns dias até que decidi começar de algum lugar. Foram uns bons dias só vasculhando cadernos antigos e me confrontando com aquele constrangimento específico que a gente sente quando encara o passado as vezes. Folheando alguns cadernos mais recentes encontrei alguns desses estudos de composição em um cantinho. Separei os que eu achei mais divertidos, tirei uma fotinha, e decidi fazer algumas pinturinhas digitais a partir deles.

Aqui uma fotomontagem dos estudinhos da página em questão.


Acabei me divertindo mais do que eu esperava no processo e em um momento ou dois me peguei dando umas risadinhas enquanto pintava e confesso que essa era uma coisa que já fazia um bom tempo que eu não sentia com alguma pintura. Real essa era uma coisa que eu sentia uma certa falta. As escolhas foram mais ou menos todas baseadas nas interações das cores, suas temperaturas e o tipo de movimento que elas traziam para a peça. E por fim, como eu já tava trabalhando no digital mesmo e não tenho pretensão de ter qualquer versão impressa dessas peças fiz tudo do jeito mais rgb que eu pude e deixei no formatinho de tela do celolar porque é onde eu imagino que isso mais vai ser visto levando em conta que 2020. Sei lá, se eu to trabalhando no digital, achei que seria válido uma visualidade que também depende de ser digital pra funcionar e tal.

O resultado foram essas imagens em formato retrato desse lugar que existe, se não no mundo real dentro da minha cabeça e que tem uma vibezinha que eu acho divertida. Os nomes são Respectivamente: Billy, Bolly e o Thiago, Cachorro Et e Sinceramente não consegui pensar em um bom nome pra isso.

  


Ainda não sei muito bem quais são os temas que eu quero tratar quando trabalho, ou mesmo como eu trataria eles. Mas pelo menos eu lembrei que consigo me divertir com essa coisa toda de pintura, desenho e produção de imagens.

Comentários